Timothy Benjamin Yoll, volante do Tottenham Hotspur, 21 anos, viciado em café. Nada diferente do esperado. Filho de seu pai, neto de seu avô, o jovem em questão era capaz de percorrer longas distâncias por um bom café. Felizmente, isso não era preciso, já que Timothy dispunha de uma excelente máquina de espresso no apartamento da Nottingham Street para onde ele tinha se mudado no ano anterior, quando subiu para o time profissional. Aliás, era mais ou menos a única coisa que tinha na cozinha do apartamento da Nottingham Street: uma máquina de espresso. E a verdade, por menos que um rapaz na idade dele estivesse disposto a admitir, era que Timothy precisava de muito mais do que isso para se manter de pé. Ele queria ovos. Bem feitos. Queria bacon. Bem crocante. Ele queria torradas. Bem fresquinhas. E ele queria mel. Para sua sorte, o apartamento era muito bem localizado, de modo que ele não percorria longas distâncias. Apenas 50 metros separavam a porta do seu prédio da boulangerie da esquina que o fazia feliz todos os dias.

Era evidente — até para si mesmo — que Timothy não tinha a menor condição de morar sozinho. Mas fazer o que se a vida o tinha conduzido a isto? Ele não iria reclamar. Quando sua mãe se separou do segundo marido, Paul, e foi morar em Paris, Timothy já estava firme nas categorias de base dos Spurs. Não sairia de Londres por nada. Sendo menor de idade, foi devidamente depositado na casa do pai. E, por quase dez anos, a estrutura daquele castelinho de filme da Disney que sua madrasta Cathy e seu pai comandavam foi perfeita para ele. Era viciante, Timothy poderia nunca ter saído dali. Sempre tinha comida boa e farta na geladeira e na mesa, tudo estava sempre limpo e funcionando, as contas pagas, a casa era cheia de barulhos, tinha gato e criança, pai e madrasta, música e conversa, tios postiços e primos agregados, bolo e sorvete. Tudo era perfeito.

Menos para um cara de 20 anos.

Porque, francamente, onde ele ia trepar?