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ALI HAZELWOOD: por que amo e odeio seus livros




O problema de um livro da Ali Hazelwood é que não importa o quanto ele seja grande, ele nunca é grande demais. Quando ele acaba, vc tá tão fissurada querendo mais que acaba buscando qualquer outra coisa que ela tenha escrito pra continuar sentindo as mesmas emoções que te embalaram nas últimas horas (duvido que vc tenha demorado muito mais do que horas pra ler um livro dela, eu não consigo fazer outra coisa depois que começo!).


Foi assim comigo quando li "A Hipótese do Amor". Fiquei viciada no livro, só conseguia pensar em Olive e Adam, mesmo que às vezes eu quisesse sacudir um pouco a Olive. O slow burn foi enlouquecedor e eu já tava subindo pelas paredes quando o casal chegou no vamo-ver. A cena é maravilhosa, super sexy e erótica e ao mesmo tempo delicada e emocionante, mas tem um porém - e aqui começamos a chegar na parte que eu odeio um pouquinho a Ali.


Não é só que o casal não usa camisinha, é que, por algum motivo, a autora acha necessário deixar muito claro que eles não vão usar por opção, é isso que me irrita. Ela podia ter escrito uma cena em que simplesmente ninguém menciona camisinha. Na boa, não seria a primeira cena hot de romance sem proteção. Mas não, aparentemente o tesão de Ali mora nisso, em dispensar conscientemente a camisinha, como se fosse um voto de confiança do casal. NA PRIMEIRA VEZ DELES. Bem, isso é ridículo (e um desserviço). Como ela não faz isso calada, precisa colocá-los pra discutir isso, vc tem de repente um casal adulto que não tem camisinha porque ambos estão sem vida sexual ativa e parece que isso é o que garante que eles não têm ISTs mas... Hum, peraí, então por que a Olive toma anticoncepcional se não tem vida sexual ativa? Não faz sentido, é claro.


Mas ok, eu tava empolgadaça com o livro e disposta e relevar essa doidice. E de fato terminei o livro apaixonada e fiquei louca pra ler mais alguma coisa dela. Na altura, achei três contos em inglês com preços bem atrativos e baixei os três. Hoje já foram lançados no Brasil e compõem a coletânea "Odeio te amar". E aí foi que o negócio desandou. Normal que contos tenham tramas mais simples, mas o problema é que o primeiro tem tanta coisa parecida com Hipótese que me irritou. A cena de sexo é muito igual e, lendo os outros dois, entendi que o procedimento da camisinha realmente era um padrão para ela. Sendo justa, tem uma (1) unidade de trepada que se dá com camisinha em um desses contos, mas mesmo essa história por fim reforça que a autora tem, sim, esse fetiche. Não só esse. Ali Hazelwood parece só conseguir escrever romances entre homens muito altos, musculosos, fortes e bem-dotados e mulheres baixas, pequenas, magras, de seios pequenos. E eu tenho muita raiva desse tipo de fetiche (ela não é a única autora de romance que faz isso) que parece que tá o tempo todo não só impressionada com o tamanho daquele homem mas também com o fato de que ele é tão forte e podia partir fulana ao meio mas, como ele é legal, ele não faz isso. Pra mim isso é fetiche de vulnerabilidade física e, na boa, me incomoda por muitos motivos. Por fim sempre parece que tá premiando esse cara por não ser um bruto violento, já que ele poderia, né? Então tipo eeee parabéns pra ele?


O fato foi que eu terminei de ler essa série de contos meio revirando os olhos, apesar de ainda gostar muito: 1) da forma como ela monta os romances, que é envolvente e apaixonada, pois ela dosa com perfeição o fofo e o sexy no livro inteiro, 2) do meio acadêmico-científico em que ela desenvolve suas histórias, que é o que eu considero o ponto mais forte dos livros da Ali, ela faz isso com a naturalidade de quem conhece e domina e o resultado é sempre sensacional, 3) das referências nerds (eu jamais vou me cansar de referências Star Wars, Ali, mande mais, muito mais!) e 4) dos mocinhos que ela escreve, pois são todos uns super queridos e impossivelmente legais, inofensivos, leais e confiáveis.


Quando peguei pra ler "A Razão do Amor", eu já estava com o livro na minha estante há meses, porque não queria ler enquanto o ranço ainda vigorava. Peguei pra ler agora, num momento de estresse, em que eu não estava conseguindo sossegar com livro nenhum e precisava de algo que me prendesse. Eu sabia que ela seria capaz de fazer isso com maestria. Foi incrível, maravilhoso e... durou 48 horas. A experiência de leitura de "A Razão do Amor" foi a melhor que já tive com a Ali. Acho que foi menos impactante que Hipótese porque eu já esperava ser arrebatada - e fui. E também porque eu já esperava que eles não usassem camisinha - e eles não usaram. Mas a história é melhor. Não vou dizer "muito" melhor, pra não parecer que eu achei ruim ou fraca a trama de Hipótese, eu acho que super funciona para o que pretende. Mas eu gostei muito mais da trama de Razão. Não sei se tenho coragem de blasfemar contra Adam Carlsen dizendo que o Levi é *melhor*, mas acho seguro dizer que gostei mais dele. Ele é pai de gato, caramba! De um gato idoso! "A Razão do Amor" me soa como um livro mais bem escrito e bem menos fanfic (fanfiqueiras podem torcer o nariz para esse meu juízo de valor). Mais bonito, com reflexões humanas mais pensadas e, apesar da repetição da questão da camisinha, os hots são... uau. Melhores. Em maior quantidade, mas sem nenhum tipo de exagero. Uma delícia. E o Levi tem atitude no momento certo, o que era absolutamente necessário com uma moça como a Bee. Ele foi certeiro na hora que tinha que ser e eu vibrei demais por ele ter feito isso. Tem autora que escreve mocinho capacho (AMO!) e que não sabe colocar uma atitude firme, daí quando a mocinha tb é lesa ficam os dois bananas se atrapalhando e fica cansativo. Não é o caso. Pra mim, as hesitações da Bee fizeram sentido demais e tb não foram esticadas demais.





Depois dessa leitura (e já ansiosa por "Amor, teoricamente"), Ali se tornou aquilo que nasceu pra ser: minha leitura de conforto. Que eu sempre serei capaz de amar, desde que eu não espere muita inovação e releve a obsessão que ela tem por homens taciturnos, altos, fortes e musculoso e sexo sem proteção como uma prova de amor e confiança muito questionável.


No Brasil, Ali já tem os seguintes livros publicados, todos pela Editora Arqueiro:


- A Hipótese do Amor: https://amzn.to/46DHunn


- A Razão do Amor: https://amzn.to/45G3yw8


- Odeio te amar: https://amzn.to/45KLH7g

Ebooks vendidos separadamente

- Sob o mesmo teto: https://amzn.to/3tHMoB1

- Presa com você: https://amzn.to/3tFmHRM

- Abaixo de Zero: https://amzn.to/3QpaKbI


- Amor, teoricamente: https://amzn.to/3SeYwUx


- Xeque-mate (atualmente em pré-venda): https://amzn.to/48Xni1n

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