Bruna Guerreiro
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teaser
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A memória era uma estrada traiçoeira, cruzada por esquecimentos, cercada de sombras enganadoras, coberta de um limo velho, perigoso, escorregadio. Fabiana queria tanto lembrar. De episódios. Frases. Palavras, falas, fragmentos que tornassem aquela estranha história uma pouco mais normal, mais real. Como tinha sido exatamente a primeira conversa no telefone? Ou aquele dia... quando ele mandou a primeira foto por e-mail, de improviso? O que ela não daria para ver aquela foto de novo, a primeira de todas. Achava que lembrava direitinho, mas e se estivesse enganada? Talvez se ainda vivesse no mesmo apartamento, usasse o mesmo xampu ou corte de cabelo, talvez as recordações fossem mais nítidas. Não tinha mais consigo as cartas dele, nem as fotos. Nunca escreveu diário. Não usava mais o mesmo e-mail, cujo provedor tinha falido, e com certeza o computador não era mais nem sucata. Nada daquilo existia mais. E aquele sapato de camurça marrom de 1999? Ela o tinha usado por tantos anos. Um dia viu que ainda vendia na internet, igualzinho, mesma cor, só não comprou porque era caro. E se comprasse? Seria mágico, como Cinderela? Talvez palavras e memórias boiassem como nata no leite quando ela o calçasse.
Mas tudo que vinha, com a força constrangedora de uma multidão que te empurra contra uma grade, por mais que você tente resistir e ir na direção contrária, não era memória. Era sentimento. Era o arrebatamento irresistível daquela paixão. Igual. Como se o tempo não tivesse passado. Como se ela tivesse a audácia de, aos 39 anos, ainda ser a mesma pessoa que era aos 19. É permitido, isso? Pode-se ser a mesma pessoa? Não é obrigatório ser outra? Não é obrigatório que o coração envelheça?
"Milênio"
conteúdo extra
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Quem sou eu?

Retrato feito pela ilustradora Talitha Lobato, que assina as capas de "Catarina" e "Jesse".
Nasci em Belém do Pará e aos 20 anos me mudei para São Paulo. Lá eu me formei em História, na USP, e comecei a trabalhar com revisão de textos. Eu já tinha começado a escrever meu primeiro livro quando ingressei no curso superior de francês. Quando terminei essa formação, voltei para Belém onde me tornei professora e tradutora de francês. Em 2013, grávida, publiquei meu primeiro livro, a antologia de contos entitulada "Oníricos" e nunca mais parei de escrever e publicar. Hoje tenho mais de vinte títulos publicados, entre romances, novelas, contos. Tenho participado anualmente de todas as edições da Feira Literária do Pará e em 2019 estive na programação da Feira Panamazônica do Livro, em uma mesa redonda. Participei de antologias das editoras Portal (selo Reino) e Lendari (selo Callenda) e também da antologia "Trama das Águas", desta vez a convite da Monomito Editorial.
Agenda
setembro
"Milênio"
2020
Lançamento exclusivo em ebook